terça-feira, 30 de junho de 2009

Portas e Caminhos




A vida é que nem o mundo. Cheia de caminhos. Sejam as estradas de terra ou asfalto, as trilhas, o curso do rio, a rota marítima ou aérea. É tudo um caminho.
Caminho é aquilo que desemboca em algum lugar. Aquilo que tem um(a) final(idade). A maioria é opcional. O percurso pode ser curto ou longo. Liso ou espinhento. Com ou sem pedras. Podem dar nos mesmos lugares ou não.
Algumas portas se abrem em determinado momento. Ao mesmo tempo.
E agora, José?
José não pode fazer nada. Cabe a cada um escolher uma das portas e trilhar o caminho.
Mas como escolhê-la?
Usar o coração, os sonhos, os desejos. Mas o caminho que o coração escolhe às vezes é o mais difícil, o que tem mais pedras no caminho. Às vezes tem até muros!
Muitas vezes, escolhe-se o caminho mais fácil. A alegria pode ser imediata. Mas a glória não triunfará. E a vitória não virá!
Sigamos nossos sonhos. Podemos ser tão grandes e tão altos quanto eles.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O observar

O vidro à sua frente está molhado. O ao lado também. Está chovendo forte e o trânsito está parado.
Enquanto o carro anda em ritmo tartaruga, ele reflete sobre o dia que se passou.
Tem um cigarro acesso, ora nos lábios, ora entre os dedos. O vício do tabaco é um hábito nocivo que o acompanha há algum tempo. desde que começou a se procupar demais e a não deixar a vida fluir. A fumaça lhe é envolvente, mas também deixa seus dentes amarelos e sia boca com um hálito fétido.
Bate a mão de leve no volante, num visível sinal de impaciência e ansiedade. Quer chegar em casa o quanto antes, tomar um copo de conhaque para afugentar os pensamentos que o dominam. Como se o álcool fosse resolver seus problemas. Não resolve. Mas ele acha mais fácil mergulhar num mundo de ilusões.
Ele não chega em casa nunca. Mora num bairro nobre, mas afastado do centro e o trânsito continua parado. A impaciência cresce a cada instante. Tem vontade de sair do carro e berrar todos os palavrões que lhe vêem à mente, mas não o faz.
A chuva aumenta e os pingos grossos batem no seu carro com mais violência.
Desanimado, olha para o lado e começa a observar as pessoas dos veículos vizinhos, como uma forma de passar o tempo. Descobre que a maioria parece indiferente ao trânsito. Uns berram ao celular na tentativa de abafar o som da chuva, outros olham o mundo de carros à sua frente, outros ainda, em carros populosos conversam entre si e dão gargalhadas, talvez estejam contando piadas ou simplesmente lembrando fatos engraçados. Se dá conta de que talvez seja o único verdadeiramente melancólico naquele quilômetro quadrado.
Liga o rádio num canal de música. Está tocando funk, estilo que não lhe agrada. Muda para um canal de notícias. Ouve uma voz de jornalista. E então entende o porque do trânsito estar parado.
percebe que ainda vai demorar muito para chegar em casa. O infeliz continua ali, a tragar o cigarro, a bater no volante e a observar as pessoas. E nem se dá conta do barulho da chuva.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Festa?

Quando a luz acaba,
acaba-se o mundo,
acaba-se o interior,
acaba-se o preenchimento.
Chega a escuridão,
chega o vácuo,
chega o exterior ou o nada,
chega o vazio.
O sorriso se apaga.
O brilho se apaga.
A vivacidez se apaga.
A sombriedade se acende.
O apaco se acende.
A mortalidade se acende.
Tudo isso é a festa da dor.

©2007 '' Por Elke di Barros