terça-feira, 20 de julho de 2010

Apocalipse de Freud

O mar invadiu a terra,
meteoros caíram aos montes,
ventos de sei lá quantos quilômetros passaram voando.
as montanhas se ruíram,
houve tempestade de areia no deserto,
o marrom do globo terrestre desapareceu,
a peste negra voltou,
os monumentos turísticos desabaram.
É o fim.
É o Apocalipse.
Não aquele que está na Bíblia.
Um fim do mundo
que talvez Freud entendesse.
Um turbilhão invadiu meus sentimentos.
Eu começo a ruir,
pouco a pouco.
Está escuro,
o sol foi embora.
Não vejo para onde rolam minhas pedras.
Vou andando devagar,
devagarinho.
E descubro que lá,
lá longe tem uma nesga de luz.
O sol não foi embora,
o Apocalipse tem um fim.
É o fio da esperança.

sábado, 10 de julho de 2010

Arco- Íris

Abri a janela. Deixei a luz entrar depois de uma longa noite de chuva. O sol fraco da manhã iluminou meu rosto, banhando-me. Abri os olhos.
Lá estava o arco-íris. Esperando-me. Chamando-me. Sorrindo para mim. Coloquei meus dentes à mostra, feliz. Os passarinhos cantavam. Corri, tirei a camisola, vesti um vestidinho leve.
Pulei a janela. O arco- íris me estendia os braços. Agarrei-o. Montada em cima dele, corri, naveguei, brinquei de tobogã e de balanço no mundo das cores.
Virei criança outra vez. A inocência permeava meu espírito. A felicidade irradiava de minh´alma, assim como a luz do sol. Me sentia flutuar, leve, levinha, leve como uma pluma.
O céu estava azul bebê, sem nuvens. O mar no mundo das cores era rosa. Tinha passarinhos azuis, verdes e laranjas. As borboletas eram lilás. As coisas tinham as cores que eu queria, que eu imaginava. Pintei as rosas de vermelho e as margaridas de amarelo. As árvores tinham troncos marrons e folhas que alternavam o esverdeado e o arroxeado.
O mundo no arco íris era colorido, colorido como nos desenhos animados para menininhas. Colorido do jeito que eu queria.
E o odor? Tinha cheiro de lavanda. Suave. Como meu eu interior se encontrava naquele momento.
Um lugar de liberdade! Onde eu podia ser eu mesma. Sem críticas alheias, sem preocupação com as convenções sociais. Lá eu podia gritar, correr, pular, cantarolar. Cheirar as flores, conversar com as borboletas, subir nas árvores. Dar vazão à minha alegria, à minha felicidade. Deixar transbordar tudo que bom que eu sentia. Deitar, rolar na grama. Nadar, fazer piruetas no mar.
Pintar o mundo, colorir a mim mesma.
Colorir, colorir. Eu estava no arco-íris.

©2007 '' Por Elke di Barros