Robson mora no campo,
entre vaquinhas e patinhos,
trabalha alimentando os bichinhos
e gosta de ler,
nas horas vagas,
a história de Robinson Crusoé.
Ganhou o livro
de presente
da tia da escola.
Lê e alimenta,
alimenta e lê.
Faça o tempo que fizer,
sob sol ou chuva,
sobre o verde e o marrom,
lê e alimenta,
alimenta e lê.
Só, sozinho,
sem amigos,
sem companhia,
além da natureza
e dos bichinhos.
Só,
sozinho,
a solidão faz-se presente.
Que nem
Robinson Crusoé.
Um náufrago da vida,
Robson o é.
Um sobrevivente da solidão,
Robson o é.
Atemporal
alguns personagens o são.
Talvez Defoe não soubesse,
mas Robinson é atemporal.
E Robson também.
Solidão é naufrágio.
Solitário é náufrago.
Mar, mar.
Que mar?
Naufrágios em terra firme
existem.
Há náufragos
que vêem o verde,
ao invés do azul.
Robson é um deles.
Naufragou na zona rural,
entre vaquinhas e patinhos,
trabalhando com a pança dos bichinhos.
Não morreu afogado,
encontrou uma jangada,
encontrou a história
de Robinson Crusoé.
Quase a mesma a praça
Há um ano
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