Eu nasci num lugar estranho, num tempo estranho. Isso é o que dizem, os convencionais.
E eu me pergunto se existem mesmo lugares estranhos. Não estou tão certo se o termo estranho deveria existir. O que é estranho? Será que o estranho é estranho mesmo ou é apenas diferente?
Será que sou um estranho? Ou apenas nasci num lugar diferente e tenho um comportamento atípico?
Não, eu não sou um estranho! Apenas não sou igual a todo mundo. Eu sou eu. Sou único, uma individualidade. Todas as pessoas são uma produção industrial em série. Em alguns casos talvez, uma produção artesanal. Eu não. Sou obra de um artista! E obra de artista é obra única; sou daquelas datadas e assinadas. Assinada pela minha mãe.
Quer ver alguém chamar a obra de um artista plástico de estranha. Não chamam. E a obra é sempre única.
Assim como as obras de arte, eu devia ser admirado, não? Admirado por ter a minha individualidade, e ser o único no mercado, irreproduzível.
Quando eu vivia na comunidade em que nasci, ninguém me chamava de estranho. Eles aceitavam o diferente, o atípico. Eles também eram diferentes. Mas diferentes sem serem iguais entre si. Eles também eram obras de arte. Obras de um tempo estranho de pessoas estranhas como falam.
Vivíamos numa barraca e éramos felizes.
Cantávamos e dançávamos ao redor da fogueira e éramos felizes.
Jogávamos pedrinhas no rio e éramos felizes.
Andávamos coloridos e éramos felizes.
Nós éramos felizes!
E porque sou um estranho? Aprendi a ser feliz. Ser feliz é ser estranho? Não!
Eu não sou estranho! Sou apenas uma obra de arte datada e assinada.
Quase a mesma a praça
Há um ano
2 comentários:
Olha, me identifiquei muito com o texto. Lembrei de uma música do Los Hermanos...
Parabéns pelo blog.
Beijos.
Muitoo Legal o blog, agora eu vou favoritar para sempre vir aquii!
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