A pino. Assim estava o sol naquele dia de dezembro. Não me pergunte o dia exato. Não sei. Minha memória não é tão afiada assim. Só lembro que era dezembro. E eu dava uma de Caetano Veloso: caminhava sem lenço e sem documento.
Com uns trocados no bolso, andava sob o sol quente a esquentar meus miolos, o suor a escorrer. Queria um banho frio. Pensava na minha má sorte de morar numa cidade quente do cacete. Entre o mar e a montanha, aqui poderia ser mais fresco. Mas não. Vê-se até a fumaça do asfalto fritando.
Andava. Em direção a nada. Em direção a algum lugar.
Que diferença faria? O importante era a minha busca. Aquilo que eu queria encontrar. Algo que meus poucos trocados pudessem alcançar.
Pelas tantas, encontrei Josué. Também suado, vestia um bermudão de tecido leve, camisa de algodão e sandálias tipo pescador. Cumprimentamo-nos efusivos. Fazia tempo que não nos víamos. Perguntei o que fazia por aquelas bandas.
- Sigo em busca de algo que meus poucos trocados me permitam alcançar.
Pasmei! Não sabia que havia outros (in)sanos a procurar algo intangível. Não palpável, mas muito mais valioso.
Juntamo-nos e passamos a caminhar juntos.
Quase a mesma a praça
Há um ano
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