quinta-feira, 21 de abril de 2011

(Fora do) Cotidiano

Duas xícaras, dois pires, duas colheres e um prato, por favor.
Murilo não come nada pela manhã. Toma apenas um café preto e forte. Eu sei que isso é errado. Mas de nada adianta falar. Murilo não come nada pela manhã e não se fala mais nisso.
Agora, meu filho, pode me dar licença que Murilo vem chegando.
A garrafa térmica já estava sobre a mesa e as frutas também.
Vi Murilo sorrir com satisfação. Imaginei-o projetando a cena do café fumegante a cair na xícara indiana.
- Não é pelo café, querida,
Ãhn? - Disse para mim mesma, fiquei quieta diante dele.
- Que cara é essa? Não acredita no que falei? Disse que não sorri pelo café.
- Eu apenas não entendi o que isso significa.
- Significa que não não sorri pelo café. Simples.
Continuei sem entender bulhufas, mas não disse mais nada. Tem horas que o silêncio e a interrogação são mais amigos.
Comi uma fatia de melão, tomei meu café. Nada de conversa. Murilo olhava para mim e sorria. Não dizia uma só palavra.

5 comentários:

Anônimo disse...

Existem coisas que nos deixam mais felizes do que quando temos café pela manhã!

Bruno Costa disse...

Interessante como o que não sabemos pode nos deixar desconsertados, pensativos, provocados. Tudo por um simples sorriso que não tinha olhos para o café...

Anônimo disse...

marcia4c@hotmail.com

Thiago disse...

Amiga, seu blog foi um achado. Além de fotógrafa talentosa, é uma escritora para ninguém botar defeito. Já te favoritei. Quando eu voltar com meu blog, também te passo. Parabéns! Beijus!
Thiago - do Ateliê da Imagem. :D

P.S. Quero saber o que você achou do Maligna depois, hein?!

Juliana Amado disse...

Obrigada! Também quero ler sua produção literária!

Quanto ao Maligna, ainda está em andamento, a passos de tartaruga, mas estou gostando. Tanto que um dos meus autorretratos foi com ele. Terça você verá.

©2007 '' Por Elke di Barros