No meio da calçada. Entre o prédio e a rua. Caminhava ele. Sozinho. Com uma sacola na mão. Pressuponho que seja pão. Todo mundo compra pão na padaria da esquina às seis da tarde. E ele tinha cara de ser igual a todo mundo. Não me lembrava em nada o Do Contra da Turma da Mônica.
Eu também costumo comprar pão e andar ali neste horário. Mas hoje não fui. Tenho um prazer indescritível em quebrar rotina! Por isso, quando fui ao supermercado, comprei pizza de uma daquelas marcas famosas e coloquei no congelador. Hoje eu vou comer pizza. Pizza, vinho e filme. Uma agradabilíssima combinação. Romântica, quase sensual. Mas ainda era cedo e não me dera fome. Fui para a janela. Espionar o povo lá embaixo. Amo fazer isso. Apreciar o movimento dos transeuntes que nem percebem que estão sendo observados. Foi então que o vi. Ele. O vizinho. Não sei te dizer se é bonito, mas tem um charme só!
Ele é meu vizinho de porta desde que me mudei. Nunca trocamos mais que um "Bom dia". Sequer sei o nome dele. Não sei o que ele faz da vida. Só sei que ele me atrai - e muito.
Vi-lo entrar no prédio. Ficar na janela de repente perdeu o sentido. Fui então, ler um livro. Machado de Assis, creio. Iaiá Garcia.
Mais tarde, eu já tinha posto a pizza no forno, tinha passado das primeiras páginas, quando a campanhia tocou. Estranho. Eu não tinha visitas para receber hoje. Olho mágico serve para isso. Caí dura, quase. O vizinho. Batendo à minha porta. Literalmente. Abri.
- Desculpe, mas comprei pão e esqueci da manteiga. Você tem um pouco para me dar?
- Não tenho.
- Aqui está um cheiro bom!
- É a pizza.
- Adoro pizza.
- É grande, não vou conseguir comer tudo sozinha. Quer dividir comigo? Tenho também uma garrafa de vinho.
O desfecho é com vocês!
Quase a mesma a praça
Há um ano
2 comentários:
Que maravilha de narrativa!
Então aí vai o meu breve desfecho:
Após a pizza e muita conversa, o vinho trazia uma certa quentura aos corpos que desejavam degustar algo mais.
Mudaram, então, de cômodo. A noite tratou de abrigar os sussurros. Ah...! Ah se as paredes falassem!
Ela acreditou piamente e teve a primeira demonstração de que a Lei da Atração - sobre a qual ela lia na semana passada na revista semanal que assinara - realmente funcionava.
Lucas, não consigo vomentar no seu blog, dá erro.
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