Numa tarde de julho, Aline estava em casa. Estudando para esses concursos da vida que volta e meia abrem. Creio que ela estava na parte da gramática. Toda concentrada.
Foi quando o telefone tocou e a Surpresa apareceu. Todo mundo sabe que a surpresa é um sujeito que sempre aparece sem avisar. Naquela tarde, entrou pela janela. Sem a menor cerimônia. Mas Aline não a viu. Correu para atender o telefone.
Quem estava lá, de pessoas a moscas e almas penadas, viu a cara de Aline. Estupefação. A negação no primeiro momento. Não se sabe se você notou, mas o ser humano quando fica surpreso, tende a negar no primeiro momento. Isso porque ele tem dificuldade de acreditar, mesmo que seja coisa boa. E Aline, sendo uma pessoa, tinha características genuinamente humanas.
E assim, ela custava a crer no que ouvia. Quando caiu a ficha, uma lágrima quase saiu dos olhos, indo na direção da força da gravidade. Mas ela se controlou. Ou, como diria os cariocas, segurou a onda. Como se ondas fossem grades.
Depois conversou como gente grande. Mas as faces denunciavam a presença de mais alguém naquela casa. A Surpresa que entrara sem alguém ver. Os presentes na casa a viram. Mas ninguém se importou.
Aline estava feliz.
Quase a mesma a praça
Há um ano
1 comentários:
Deu pra ver toda a cena!
[]s
Postar um comentário