Entre o mar e a montanha. Lá mora Daniel. Num bairro sem saída. Na Urca. O lugar pode ter seus problemas, mas Daniel não troca por nenhum outro. No meio de uma metrópole barulhenta; cheia de engarrafamento, motoristas histéricos buzinando; pivetes nas ruas; pessoas correndo apressadas, sempre atrasadas; ele é um privilegiado. Sente os prazeres de uma cidade bucólica e interiorana. Poucos ônibus,ruas relativamente vazias, pessoas passeando; cercado pelo exército e pela marinha, não tem medo de ser importunado por uma marginalzinho adolescente enquanto faz suas diárias corridas no Caminho do Bem-te-vi.
Daniel é do tipo que gosta de uma meditação, de abraçar árvores, sentir o cheiro da terra, ouvir ondas a baterem nas pedras, pisar na areia, trocar energias com a água, acender um incenso.
É um autônomo, trabalha em casa. Mas busca o conhecimento e a inspiração lá fora. É um cronista. Escreve sobre o que lhe fala o coração. Gosta muito de escrever sobre críticos de arte. Olha que ousadia! Critica os críticos. Não se sabe se antes alguém pensou em fazê-lo de forma polida. Daniel não agride. Ele constrói. Como muitas críticas. Ele se pergunta como esse ou aquele crítico chegou a uma determinada conclusão e porque. Os mais famosos não escapam. Ferreira Gullar, Fernando Cocchiarale, Mário Pedrosa, Moacyr dos Anjos já foram alvo de suas análises. E ninguém pode reclamar. Daniel é historiador da arte, estuda a fundo e entende do assunto. Sempre afirma que a arte não é uma ciência exata. Cada qual interpreta uma obra como bem entender. E Daniel é gentil. Gentil, mas com textos bem redigidos.
Bem redigidos na paz da Urca, após uma corrida e um banho gostoso.
Quase a mesma a praça
Há um ano
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