terça-feira, 15 de maio de 2012

Resumo de um mergulho na toca do coelho

Numa terra distante para ir de ônibus e perto para ir de avião, eu fui.
Vi o clima mudar. Vi as pessoas mudarem. Vi a cultura mudar. Vi os casacões saírem dos armários. Vi desencontros com expressões idiomáticas. Vi a alegria se fazer presente, a diversão reinar, as gargalhadas tomarem conta e o espírito infantil liberar-se.
O mundo fantástico descortinou-se diante do nosso pequeno grupo. Não éramos mais o nós que a maioria das pessoas conhece. Éramos agora um nós personagem. Um nós muito mais verdadeiramente nós.
Tínhamos entrado na toca do coelho. O exato momento eu não sei precisar. Acho que foi quando nos embarcaram no avião errado. Encontramos um país surrealista, mas nos sentimos em casa. Estivemos com seres aparentemente inexistentes e com uma vaca que transportava passageiros a preço de falsa elite – o vaxi.
Resolvemos visitar a cidade da Lagarta Azul, o lugar dos chocolates de verdade – sem gosto de indústria vagabunda – e para isso tínhamos que pegar um transporte coletivo com passageiros de olhos diferentes dos nossos.
Fomos visitar museus. E descobrimos que não há museus de verdade. Mas nos museus de mentirinha sentimos o prazer do olfato e do paladar – os perfumes e os chocolates. Ali sentimos a harmonia entre nosso lado adulto e o infantil. Éramos mulheres e crianças, crianças e mulheres.
O que me surpreendeu na cidade da Lagarta Azul foi o respeito. Deparamo-nos com seres educados. Ninguém passa por cima de ninguém. Parece algo inexistente, coisa do outro mundo. Opa. Estávamos em outro mundo. Me senti em casa que esqueci desse pequeno detalhe.
Saímos da cidade e fomos transportadas para um museu numa cidade grande. Disseram-nos que era um museu. O que antes despertou o olfato e o paladar, agora despertou o espírito brincalhão. Descobrimos que aprender pode ser divertido. E viramos de ponta-cabeça no girador humano. Pudemos ver o mundo ao contrário.
O lado ruim da toca do coelho é que contos de fada não são vitalícios. Uma hora a própria toca te expele para o mundo real. E você não acorda. Volta. Volta para de onde veio.

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©2007 '' Por Elke di Barros