terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Dia de primavera

Tamara chegou um pouco mais cedo do que previra. Sabia que teria que esperar. Mas, mesmo sendo impaciente, não se importou. No ponto de ônibus tinha lugar para sentar. Em frente tinha uma floricultura. Via o colorido e sentia o aroma.
Porque resmungar a si mesma, por ter calculado mal o tempo? Estava um delicioso dia de primavera. Com sol e a brisa  a bater suavemente no rosto e o cabelo a voar.
Porque não aproveitar para sentir o amor que exalava do seu peito? Amor pela vida, pela natureza, pela família e por uma determinada pessoa. Sim, Tamara amava alguém e o tal alguém não sabia.
Mas naquela hora isso não importava. O momento era tão único, ímpar. O amor por tudo simplesmente brotava, sem pedir nada em troca.
As árvores ao redor davam-lhe a sensação de estar nos anos 70. E isso a enchia de mais amor. Amor. Por ela própria, pelo tal alguém, pelas flores, pelo mundo, por tudo.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Respostas

Às vezes eu me faço umas perguntas. Cujas respostas poderiam ser um sim ou não. Mas só chego a um talvez. E continuo na dúvida.
Seria bom se eu chegasse a uma resposta definitiva? Poderia mudar minha vida? Poderia. Mas seria do jeito que imagino? A estrada tem tantas curvas. Depois que o carro vira, não o vemos mais. A certeza existe? Ou cada grão de areia é um talvez? A maior parte da vida é um quiçá.
Perguntas, caraminholas.
Perguntas, ponderações.
Perguntas, estudo.
Perguntas, observações.
Perguntas e respostas. Será?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Ponta-cabeça

Vendo
eu estou
o mundo
a mudar.
A vida
a girar.
O difícil
aparecer.
Aparecer?
Foi fácil
algum dia?
Testes, provas
a surgirem
de surpresa.
Tempo curto.
Tudo rápido.
A mente gira,
corre,
voa.
Roda gigante
ou montanha-russa?
Ponta-cabeça,
pés pelas mãos.
Medo
de cair
e não levantar.
Mas as pernas
sempre se erguem.
Plantando bananeira,
eu vou.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Alarme

Cartas na mesa.
Verdade.
Desabafo coletivo.
Ato de ouvir.
Espanto.
Alarme
ou falso alarme?
Dor.
Rebola que vai.
Está na hora do almoço.
Choro.
Prato de comida.
Choro.
Sobremesa.
Dor.
Coração vazio.
Algozes,
eles estão ali na frente.
Com pratos de comida.
Dor.
Sentimento de inutilidade.
Estupidez.
Alarme,
falso alarme.
Que será?

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Serpente

Eu percebi que tinha deixado de ser menina quando tive sonhos diferentes.  Que tinham você como um dos personagens.
Tive que ser mulher para saber que não podia te contar o que sonhara. Pelo menos não naquele momento.
Um apartamento. Um mal estar. Uma serpente. O medo. Um colo. Tons pastéis. Azul cintilante.
Fragmentos que vi de olhos fechados, pedaços avulsos que tinham lógica. Suficientes para eu entender o que se passava comigo. Tomara conta de mim um amor quase impossível.
Tive que ser mulher para te amar sem sofrer. Amar apenas desejando o bem.
Amar sonhando e lembrando da serpente azul deslizando no banheiro do apê do sonho.

©2007 '' Por Elke di Barros