O sorriso habitual não estava no meu rosto quando me olhei no espelho. Meus lábios pendiam para baixo e meus olhos estavam vermelhos.
Mandei meu amigo Carpe Diem pastar. Não tinha como encará-lo agora. O mar não era mais azul. Era preto.
A dor chegou para se hospedar dentro de mim. Escovei os dentes logo após uma refeição. Olhei pela janela do banheiro. Com o hálito fresco do creme dental, vendo os carros passarem pela minha rua, chorei.
Vivo numa ilha deserta. Por mais que tenha peixes, pássaros lindos, eles não falam comigo. Me ignoram. Não me veem. É como se eu não existisse. Falar com a árvore? Ela também é adepta do silêncio. Sinto-me tão só, atrás de uma grade imaginário, sem poder fugir para um mundo onde exista gente de verdade. Mas não tenho como fazê-lo. O mar é cheio de armadilhas. Só posso esperar o navio de resgate. E o navio tarda. Como tarda!
Lavei o rosto, retirei a maquiagem. Penteei meus cabelos, coloquei um pijaminha, deitei na cama. Não consegui dormir. Com lágrimas nos olhos, ainda aguardava o navio.
Talvez seja melhor acender uma fogueira, fazer sinal de fumaça. Talvez alguém me veja. Talvez alguém me ache.
Quase a mesma a praça
Há um ano
1 comentários:
compartilhamos do mesmo silencio...
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