terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Abaixo da Terra

Estou exausta. Muito cansada. A cabeça dói. A garganta também. Gostaria de gritar. Chamar a atenção. Quero que lembrem da minha existência. Enquanto eles estão num andar de um prédio, eu me encontro no lençol freático. Lá embaixo. Na terra do capeta. Me mandaram pra lá fazer nada. nada. Ocupar meu tempo com coisa nenhuma.
Cansei de fazer bosta alguma. Quero ser socorrida, retirada lá de baixo. É pedir muito? Gostaria apenas de ser o que sou na essência: um ser humano. Um ser humano em carne e osso. Não sou um espírito. nada justifica minha invisibilidade. Não tenho a capa do Harry Potter.
Claro que ninguém me vê. Tem muita terra em cima de mim. Elementares da terra me fazem companhia. E se banham no lençol freático que é o mar das minhas lágrimas do esquecimento.
Cavem, cavem, cavem. Estou lá embaixo! Podem me ouvir?

3 comentários:

Samara disse...

Entendo o sentimento. E ele não é nada agradável, mas vc o escreve tão bem.

Bruno Costa disse...

As vezes a gente sussurra acreditando estar gritando. É preciso ter algo a dizer, e pelo que tenho visto por aqui, isso você tem dito e feito muito bem. Mas também é preciso ter algo a esquecer...

Juliana Amado disse...

É, Bruno... acho que terei que esquecer certas coisas.

©2007 '' Por Elke di Barros